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Por um necessário diálogo entre a Psicologia Clínica e a Psicologia Jurídica

Psicologia Clínica e a Psicologia Jurídica

É comum entre profissionais da Psicologia a ideia de que a “atuação na interface com a Justiça” se refere às psicólogas que trabalham nas instituições do Sistema de Justiça. Ledo engano!


Nesse sentido, vale conferir as últimas Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas em Varas de Família (CFP, 2010; 2019), nas quais se chama atenção para o fato de que, as(os) profissionais que se deparam com pedidos de elaboração de documentos psicológicos para processos judiciais atuam na interface com a Justiça. Logo, não se trata de uma prática exclusiva das chamadas “psicólogas jurídicas”.


Outro ponto fundamental nessa discussão é a judicialização das práticas psicológicas, as quais vêm sendo cada vez mais alcançadas por certa racionalidade jurídica que, em última análise, reduz as problemáticas relacionais (e também sociais) às categorias de vítima e agressor e, consequentemente, à punição! As/os psicólogas/os devem estar atentas/os às prováveis capturas dessa racionalidade, pois ao reproduzi-la estarão na contramão do compromisso ético político da nossa profissão.


A partir da análise de documentos emitidos por psicólogas/os clínicas/os, noto que a judicialização vem alcançando especialmente essas/es profissionais. Isso ocorre talvez porque muitas/os consideram que sua atuação “não tem a ver com a área jurídica” (como ouvi em certa ocasião).
Diante disso, considero urgente a realização de diálogos interdisciplinares entre a Psicologia Clínica e a Psicologia Jurídica. Tais diálogos não devem se limitar à leitura de artigos e/ou ensaios teóricos, mas se voltar especialmente para a práxis, o que pode ser feito por meio de grupo de estudos, supervisão etc.

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