Na análise de documentos produzidos por psicólogas (os), UM dos aspectos que mais chama minha atenção é o modo como são escritos.
Por vezes, diante de tais documentos é preciso certo esforço em sua compreensão.
“Afinal, o que esse documento está dizendo?”, me pergunto intrigada!
Parágrafos desencontrados que discorrem confusamente (sem o devido sigilo profissional) acerca dos atendimentos realizados; comentários baseados em certa psicologia do senso comum; expressões vagas e altissonantes que buscam impressionar o leitor, mas, em realidade, expressam valores pessoais e padrões de comportamentos da cultura vigente. Estes são apenas alguns aspectos que saltam à leitura.
“O que um operador do Direito vai entender sobre esse documento?” Reflito com certa apreensão!
Na prática, vemos operadores do Direito tirar todo tipo de entendimento desses documentos, dos mais estapafúrdios aos mais eloquentes, seja na defesa de seu cliente, seja na desqualificação da outra parte.
“Qual a imagem que a(o) profissional da Psicologia está passando sobre o fazer psicológico quando produz um documento como esse?” Questiono não sem indignação!
Sigo no trabalho de análise do documento psicológico, o qual em tese seria um documento técnico-científico. Invariavelmente, nessas situações, concluo por indícios de violação ao Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Como docente e pesquisadora, avalio com preocupação a formação de graduandos e o despreparo de muitos profissionais diante de demandas de produção de documentos. Daí, a importância da qualificação continuada e o compartilhamento de conhecimentos e experiências. A supervisão profissional e o grupo de estudos em psicologia jurídica têm sido algumas de nossas propostas, nesse sentido.