O momento que se segue à separação conjugal costuma ser marcado por muitas e intensas transformações na vida de uma família. Pesquisas feitas no Brasil e no exterior comprovam que esse período pode gerar muitas inseguranças e instabilidade em todos os envolvidos.
Talvez, por isso, alguns ex-casais recém separados, ainda emaranhado em suas questões amorosas, estabeleçam certa forma de relação que pode ser vista como um prolongamento do casamento (em casas separadas). Ou ainda, ambos ex-parceiros se desdobram em manter para os filhos a aparência de que “nada mudou”, com a justificativa de preservá-los, como apontou a autora da frase título deste post.
Porém, o que vemos na prática é uma grande dificuldade no desfazimento do “nós” ou do que estudiosos nomeiam como “eu conjugal”. Essa espécie de amálgama do casal, que não desaparece imediatamente com o fim do casamento, pode levar a um processo doloroso no resgate da individualidade de cada um dos ex-parceiros.
Na orientação a pais e mães separados vemos, especialmente, entre os que viveram vários anos juntos, a importância de um espaço apropriado para trabalharem suas próprias questões, pois facilmente elas podem ser lançadas sobre a(o) ex, que se torna alvo desqualificações, acusações, cobranças e demandas de reparação, as quais alimentarão processos judiciais, ao mesmo tempo em que impedirão a reconstrução do “eu” e o amadurecimento pessoal.