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Hoje, estou me separando dessa separação!

No trabalho de orientação a pais e mães separados vemos que nem mesmo os acordos mais bem elaborados, em termos jurídicos, escapam da interferência dos restos de amor que buscam o reencontro, do luto que não foi vivido, ou ainda, da não aceitação pelo fim de uma história a dois, marcada por promessas mútuas e projetos futuros.

Essas questões, por vezes, surgem numa espécie de jogo de figura e fundo com o que diz respeito aos filhos e ao seu direito à convivência familiar.

Nas tentativas de enquadrar os não ditos e não vividos pelo ex-casal na atual regra de outro do divórcio, a distinção entre conjugalidade e parentalidade, igualmente ignoram-se aspectos de ordem subjetiva, relacional, intergeracional, inconsciente, dentre outros, que perpassam o desenlace amoroso. Apesar de silenciados, eles não deixam de se manifestar…

A atitude de se desvencilhar (emocionalmente) de uma separação conjugal conflituosa envolve mais do que uma resolução interna, como aquela enunciada pelo autor da frase título deste post. Dela também faz parte um cuidadoso trabalho sobre si que acolhe o que em nós não se sujeita a regras, a enquadramentos ou a acordos judiciais. Ou ainda, como nos lembra Chico Buarque, “O que não tem governo, nem nunca terá. O que não tem vergonha nem nunca terá. O que não tem juízo.”

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