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Do “macho em crise” ao “macho tóxico”

Em importantes estudos nacionais dos anos 90 e início dos anos 2000 sobre homens e mulheres, dentre os quais citamos Miriam Goldemberg e Sócrates Nolasco, era comum se apontar, dentre outros aspectos, a crise da masculinidade impulsionada pelos feminismos, a possibilidade dos sujeitos transitarem entre modos de ser homem (e também mulher) e a escolha de estilos de vida e relacionamentos.

 

Porém, hoje, ao deparamos com o dito “cidadão comum” (branco, classe média, cis e hetero), notamos que ele, por vezes, se aproxima do que vem sendo identificado sob a alcunha de “macho tóxico”. Não reiteramos, com isso, estereótipos ou engessamentos sobre os sujeitos.

 

O mais provável é que, como bem apontou Sérvulo Figueira (nos anos 80), transitemos entre o novo e o arcaico. Ou, dito de outro modo, vivemos entre rupturas e permanências, tendo em vista que certos modelos hegemônicos de comportamentos ainda hoje seguem sendo atualizados, por exemplo, nas falas e expectativas de homens e mulheres.

 

Como pesquisadora do campo da Psicologia Jurídica, chama atenção que muitos estudos sobre família, divórcio, guarda de filhos, paternidade e até mesmo violência doméstica seguem dissociados de outros sobre gênero, ainda vistos como coisa de feministas, e outros sobre masculinidades. A despeito da valorizada interdisciplinaridade, na prática profissional e também em estudos na Psicologia Jurídica ainda se observam mais permanências do que rupturas.

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