Quando as pessoas se vêem em meio a crises profundas ou conflitos que lhes parecem sem solução, é comum recorrerem a terceiros na tentativa de encontrar uma saída.
Diante da disseminação da judicialização, ou da racionalidade de que os conflitos humanos e insatisfações de toda ordem podem/devem ser sanados pela via judicial, temos observados um número cada vez maior de práticas, tidas como “inovadoras”, que fazem parte da atual política judiciária para a resolução de conflitos e promoção da chamada cultura de paz (mediação, oficinas de parentalidade, constelação familiar, comunicação não violenta etc).
Apensar de muitas famílias e ex-casais, já inseridos nas engrenagens na justiça, aceitarem se submeter às metodologias “pacificadoras” e psicopedagógicas que ensinam o modo adequado, ideal, isento e normal de se comportar, relacionar, divorciar, comunicar e viver, no cotidiano dos fóruns e CEJUSCs não são raros comentários dos jurisdicionados de que “tudo isso é muito bonito aqui, mas na prática não é assim que funciona”.
Para aqueles que se mostram inconformados, incrédulos e questionadores de tais práticas, vistas como “utópicas”, há a constatação por parte dos profissionais que atuam seja no judiciário, seja na interface com a justiça de que se tratam de famílias ou ex-casais resistentes.
Esses “resistentes”, em realidade, desafiam os discursos e práticas oficiais de resolução de conflitos, ao mesmo tempo que inquietam profissionais bem intencionados que buscam “ajudar” e disseminar a dita cultura de paz.
Na contramão da modelização dos comportamentos no âmbito do judiciário, o Grupo de Estudos Avançados em Psicologia Jurídica propõe reflexões críticas e possibilidades de atuação profissional com famílias judicializadas.