Constelação Familiar! Ao que tudo indica, cada vez mais ouviremos falar sobre o assunto, haja vista matéria publicada no Jornal O Globo de 04/07/2021.

A repetição da violência contra as mulheres, chancelada pelo Conselho nacional de Justiça (CNJ) como uma “nova técnica” para a resolução de conflitos, vem atraindo a atenção de movimentos feministas e dos Direitos Humanos, que vêem na técnica, que mistura misticismo e terapia, uma forma de violência institucional perpetrada pelo Estado.

Segundo os simpatizantes da Constelação Familiar, a técnica pode revelar a origem (oculta) dos conflitos familiares que comumente vão desaguar no judiciário em busca de resolução. Porém, na realidade, temos tido como resultado os relatos de jurisdicionados “constelados” que passaram por sessões em Tribunais de Justiça, escritórios de advocacia ou consultórios de terapeutas, que ocorreram na presença de desconhecidos, com a exposição de sua intimidade e intensa mobilização das emoções e, ainda, receberam revelações sobre seus antepassados como explicação para a causa do seu sofrimento e dos conflitos vividos.

Não bastassem tais efeitos deletérios sofridos pela “pessoa constelada”, que pode sair totalmente desestabilizada da sessão, vemos com grande preocupação o fato de a Terapia de Casais e Famílias, que tem origem e fundamentos diversos da Constelação Familiar, ser assimilada equivocadamente à esta prática devido ao uso comum do termo “sistêmico”. Este termo serviu ainda para adjetivar uma nova especialidade do Direito, o assim denominado “Direito Sistêmico”, que pode ser tido como a versão da brasileira da Constelação Familiar (de origem alemã) no Judiciário.

Assim, sob o argumento de resolução de conflitos e cultura de paz, vemos o judiciário assimilando práticas que, com ares de novidade, ocultam a atualização do que há de mais arcaico em nossa sociedade: a violência contra as mulheres.